sexta-feira, 23 de abril de 2010

Negócio da China

Isso aí, fio? Foi pra aligeirar o espírito. Faísca pura. Correria de alma penada.
Aqui é fumaça, poeira. Quando parece ter chegado no pranchador, eu entro de sola.
É assim. Não tem boi.
Só o couro.
Às vezes, tá tudo desenhado na mão do modelista. Sem erro. Costura na mosca. Escolhido fiozinho a dedo. Volta a volta. Parece que demora nada. Mas demora. Vida quando encalha, só puxando com a tenária.
Freguês? Ah, assunta. Marido encomenda. É rabisco no papel, engenharia, voz borrada de manteiga. Mil e uma? Milhão de noite no seguro, menino. Nas tantas, em vez dele, mulher é que vem pegar. Diz que não gosta. Rapaz, é reza que ai se fia minha declama. E não é? Sou o capeta. O próprio. Vivinho. Nem pra ser sócio do cão. Sou ele mesmo. Chifre e enxofre. Credo-cruz. Lá tenho culpa? E cadê o homem pra acudir o acabado? Aí santo é que não sou. Praga é de atirador: ajuda, céu, pra que ela durma de calça jeans.
Todo caso, o que se faz? Macho, pro que é sortido, padece de desespero. Cheiro de fêmea é que enche bucho meu e dos meus. Mulher é fervura de óleo no asfalto pro que é de mesmo. Agora, pro que é de outro, mesma cor é que olho se arreganha. Oxalá mesmo tom. Se escapa, é no salto. Se espreita, é rasteira. Tudo combina no formigar dos desejos.
Fôrma justinha existe não. Existe nunca. A mão é que faz o apagado se alumiar nas vistas. Sozinha não. Mão e martelo. Mão e alicate. E cabeça cabeçuda. Não confia na ordem do acabador. Em tudo que é caminho, a palmilha é a passo de onça na tocaia.
Vinguei na Terra de pé nessa bancada não, viu. Ih, já fui de enxada. Testa lisa tua até me lembra. Sol do dia, esterco fedeu menos que eu. Diz que, desde os espadeiros, as terras têm administrador. As de lá não carece de ser diferente. Grito zuniu bem no umbigo do juízo. Tronxo, engessei. Nem pé-de-ferro alinhava. Bicho de fuça gelada apanha e lambe o dono. Palavra, menino, é facão. Quando de boa amoladura, no capim é nada. Na cara de menino-homem, é pra mundo inteiro ter de conhecido. Escafeder de roçaria foi jura minha. Sem abrir novo parágrafo. Lá? Miolo bom só tem a carroça. Já vem com duas rodas, sustenta homem coxo e é puxada por um burro.
Santo Antônio é comigo. Arrependo jamais. Meu invento é que nem minhas crias. Prazer é na feitura. Mundo é que usa, gasta, envelhece. Pra passe livre nas romarias, dei de pespontador da ventura divina até o ponto dessa linha. Até ponto e vírgula; pra dar sempre de parecer que não é de prosa ruim por definido.
Mas, na verdade, sonho meu é tornar pra tudo aquilo. Eu e os meus. Assim que me tomar de aposento. Parado? Fico nada. Carcaça apodrece, urubu apetece. Pedágio pra São Pedro tem que ser é a prazo, que nem carnê de loja de mobília.
Dias de agora? Pergunta tua reluzeia lembrança ressabiada. Haja hoje pra tanto ontem. Isso aí? Coisa de moço no maior dos casos. Jovem que tem dessas modas. Até já quis mandar tudo pra fogueira, que nem com as bruxas. Passar das luas, alma fica mais molenga. Tenho nada mais contra. A favor também é de raro. Noves fora, sei mais não. Protejo pé de gente pro mundo sentir aos migalhos, sem machucação. Passo de vez. Passo de não.
Tênis, fio? Botou foi todo mundo pra correr.

Um comentário:

Igor Motta disse...

Genial, o que eu posso dizer? qualquer coisa vão dizer que sou suspeito, gostei muito e muito mais ainda quando você o recita.