Ao padre ortodoxo, à prostituta profissional, ao sociólogo que nunca foi office-boy, ao mendigo que nunca sonhou em ser mendigo de verdade, ao espectador das peças de Gerald Thomas, ao crítico literário de Leminski, aos advogados sindicalistas, aos leitores dos livros de Roberto Justus, aos empresários militantes por uma economia solidária, aos diretores do fã clube de Kubric destino, pois, este manifesto.
Ao me deparar com esse mundo tal ele se declara ser e tal ele acaba se impondo, resta a mim, anti-serista, me colocar, de forma séria, em meu devido lugar.
Caetano está de Chico.
Não suporto mais tanta coisa sendo levada a sério. Não quero mais achar que esse mundo platônico, idealizado, é realidade morta.
Marx talvez ainda se salve, mas nada se compara à genialidade de Freud.
Viva a Tom Zé. Viva à Tela Class. Viva à TV Pirata. Viva à Calabresa e ao Bento. Viva ao Furfles e ao Adnet. Viva a José Mojica. Viva à Sabrina Sato. Viva a Sílvio quando de seus acompanhamentos a quem canta algo no Qual é a música?
Skylab. Antunes. Scliar. Ziraldo. Meus aliados, mas não no fronte. Disfarçam serem anti-seristas. No entanto levam a sério demais o que fazem.
E como ser tucano é o extremo, ser petista é o perigo. Talvez Enéas tenha sido meu ilustre monge. Mas aí é ser anti-serista de alto risco. Melhor ficar suplicyando meus princípios. Este sim, um de meus maiores mestres!
Nada sério demais, por favor. Entendam!
Você ainda acha que uma reunião de Centro Acadêmico vai, de fato, trazer importantes diretrizes à liberdade da nação palestina?
Darwin, um ícone respeitável, mas carta fora do baralho. Copérnico seria perfeito, mas influenciou demais a humanidade.
Cristo talvez esteja mais ao meu lado do que imaginei!
Jânio Quadros, colocaria na berlinda. Afinal, nada mais representativo ao meu movimento do que Dom João VI e Dom Pedro I.
Lenine, Marisa, Carlinhos, Montenegro, Teixeira. Vandré. Sosa e Rodriguez. Guimarães. Graciliano. Perdão. Perdão levo-seristas de respeito. Mas, no peito, há gargalhadas de Elis, há Manual do Blefador, há cachacis de Mussum e há piadas insanas do Batman.
Há a chave: intocável Chaves!
Ah Renato, perdão. Jamais teria o direito de insultá-lo. Entretanto a estupidez humana é coisa muito séria. Dizer sobre isso é coisa muito séria. E você está fora do meu time. Perdão rapaz, perdão!
Cazuza também não entra. Onde já se viu, cantarolar Cartola com sua mãe? Portas fechadas, meu caro. Anti-serista nem coelho tira de sua cartola.
Mas, Cartola, junte-se a mim. Pagodinho. Benito. Isso é bonito. Aliás, bonito já é juízo de valor, oras. Venham e pronto. E venham. Vocês nunca se levaram a sério mesmo!
Falcão, Reginaldo, Waldick, Odair José. Sim a Garincha, não a Pelé.
Toca Raul!
Ser anti-serista não é moda, é necessidade!
O mundo é do humano. A cultura é do humano. As intervenções vêm da cultura. Ambientalismo, salve-se. Meu ambiente é anti-serista. Duro é suportar ecochatos.
Nada. Nada a sério. Nada, aliás, levado muito a sério. Nada axiomático. Nada sem definição. Nada pela metade. Nada com meta. Nada com objetivo. Nada sem sentido. O sentido está em não ser sério. Mais que isso: o sentido é não se levar a sério.
O pecado não é levar a sério a idéia ou a causa. O que se faz daninho é o “levar-se a sério”.
Sou guerrilheiro de uma FARC, todavia espirro aguinha na orelha do companheiro ao lado.
O segredo do anti-serismo é não existir segredo.
E-s-p-o-n-t-a-n-e-i-d-a-d-e.
Fila por Tequila. Nada chegará próximo a nós, enfim, cristalizadas essências.
Dê um abraço na senhora que te xinga no ônibus. Dê um abraço nela. Rápido. Antes que eu leve isso a sério demais.
Bueno. Nada bueno. Bem amigos, Silvio Luiz é meu rei!
Na há dúvidas de que, para existir anti-serismo, precisamos estar sempre ao lado do levo-serismo. Anti-serismo não existe por si. E mudemos de assunto, por favor!
Eu não quero. Não quero reconhecer. Não me faça isso... tudo bem... Jovem Guarda, a sua brasa, mora, queimou a Tropicália, que não chegou a ser uma Bossa, mas se levou a sério... e que a festa anti-serista seja de arromba! Mais anti-serista que isso, impossível.
Erasmo é muito mais nosso centroavante do que Roberto. Este não passaria de um reserva esquecido no banco pelo Joel.
Grande Joel. Ricardo Rocha. Vampeta. Brum.
Que maravilhas, Túlio e Dadá!
Dadaísmo e surrealismo. Seriam minhas vanguardas. Seriam. Se não levassem a sério demais seus anti-serismos. Aliás, se não se levassem a sério demais como anti-seristas.
O ideal é descobrir, incessantemente, se quem Castr(ô) Alves foi, de fato, o Machado de Assis.
Sou anti-serista. E se isso me trouxer alguma felicidade, retire tudo o que eu disse nesse manifesto. Felicidade já é coisa séria demais. Não pensar sobre, mas apenas pensar sobre. É isso. Pronto.
Pare Rousseau! Emílio já está aposentado e com três bisnetos! Nem ele quer saber mais como deve ser educado.
Até Marte já ficou Plutão com tanta seriedade dada à sua superfície.
O homem saiu da caverna. Mas quando se deparou com a luz, já assinou o atestado levo-serista, entregou à recepcionista e levou uma cópia para casa.
A informação em demasia é o principal energético levo-serista. Fugir do excesso desnecessário!!! Ah, isso é coisa séria.
Zé Dumont. O homem que jamais virará suco.
Tiririca. Como tu és império!
Aqui paro. E chega de me levar a sério.